Friday, October 26, 2007

sobre tristeza e supermercado


O q eu menos precisava era ficar em casa, mas era o q mais queria. considero dias como este tão bons quanto os de alegria e diversão. são neles q fico com vontade de escrever [ou q fico à vontande para escrever] sobre coisas minúsculas do dia-a-dia.
uma das coisas é uma frase q tava lembrando outro dia: mais importante que as respostas, são as perguntas. ou algo do tipo. e a questão é: q porra de pergunta eh "o q vc levaria para uma ilha abandonada?"? nunca entendi o q ela quer.
outra coisa é q hj fui no supermercado e já tava tudo pronto pro natal (agora entendi pq o peru morre de véspera). isso me aborrece, sei lá pq môpai.

aí junta tudo: meus pensamentos de maluco doido reagem violentamente com minha noite baixo astral e me pego pensando que se eu fosse ficar preso numa ilha deserta e pudesse levar uma coisa, eu levaria um supermercado. n pelo estoque de comida, cd's, pilhas, cadeiras, nem nada disso. o motivo pelo qual queria um supemercado era simplismente pra saber em que época do ano eu estaria. quando as árvores de natal aparecessem saberia q era final de outubro, quando estivesse enfeitado pra o são joão, aí seria lá pra maio. um dia chegaria lá e ia dar de cara com um cartaz sobre dia das mães, ligaria imediatamente pra a minha "mãe, mesmo aqui na ilha n esqueço da senhora, bjo!" e ela ficaria feliz e eu teria q passar mais meia hora dizendo q tava bem, q tava me alimentando direito sim, q tava tomando cuidado pra n pegar um resfriado e.. é.. talvez ignorasse o cartaz do supermercado. até a pascoa q varia tanto (40 dias depois do carnaval) eu saberia q estaria perto.o sistema parece complicado, vc pode até achar besteira isso e sugerir um calendário. mas q nada.. calendário n tem cadeira, trouxa.







ops.: depois de escrever as coisas melhoram.

Monday, October 08, 2007

algum blues


.algo

algo que falta de tanto sobrar.. algo que fica martelando lá no fundo da mente, que tá na ponta da língua, que não some por completo nem sai de uma vez. está sempre por um triz, por um segundo.. quase lá.é só uma palavra, não muito doce nem tão amarga, que não sai da minha cabeça, mas não consigo lembrar.


.algum

algum é uma palavra estranha, difícil de engolir. que não é algo nem alguém. sinônimo de qualquer. tão sem valor. [perceba quando alguém lhe pedir algum dinheiro]. uma palavra perdida no meio termo, cheia de esperança [quem sabe algum dia]. sempre lhe falta algo para ser alguém, mas nunca o é. vai ser sempre algum qualquer.


.alguém

e esse alguém se sente sempre tão seguro. tão cheio de si mesmo. sempre que se precisa de alguém ele não pode negar, sempre existe alguém... alguém pra isso, alguém pra aquilo.. alguém é tão irônico, tão egoísta. nunca faz nada por ninguém, está sempre tomando alguma coisa de algum outro, sempre querendo algo mais... se alguém esquecer é normal, acontece.. mas se esquecer de alguém é um absurdo! isso não se faz.. alguém precisa morrer..
alguém além de mim, algum de vocês, quer fazer algo?

O Sonho de um Sonhador


Depois daquela frase fiquei pensando e vi realmente que aquele José dos Santos não era outro José dos Santos e sim eu mesmo. Vi que aquela vida por ele narrada era a que eu sonhava para mim. Logo depois ele falou fatos que pertenciam ao meu passado e que só ‘nós’ poderíamos saber. Então eu não tive dúvidas, estava de frente a uma pessoa que seria eu daqui a uns cinqüenta anos. Não hesitei em perguntar como seria o meu futuro e o mundo. Ele também não se incomodou em falar.

“Ah o mundo... Não mudou muita coisa... Ainda temos um país mandatário fazendo seu papel de predador aterrorizando os outros... O Brasil nem se fala, ainda existem pessoas que acham que somos o País do futuro. Será que vai demorar ainda para percebermos que somos um país do passado que esse desejado futuro já passou e que o nosso real futuro é o nosso presente independente da época em que estamos. Mas para o nosso bem meu caro o cinema brasileiro não caiu nas graças do povo. Ainda perguntam se o filme é brasileiro, se caso for fazem cara feia e na maioria das vezes não o vêm. Nós Aperfeiçoamos o cinema, mas inda não agradamos a nos mesmo. Mas melhor que seja assim, afinal tudo que agrada a massa sempre acaba ficando ruim.”

O mais interessante é que enquanto ele falava, eu pensava a mesma coisa agora com uma pequena diferença de tempo entre o falar e o pensar. Era como se ele lesse meu pensamento e o repetisse de uma forma como se realmente tivesse vivido aquele mundo imaginário... Ele falou também dos fotos ocorridos na história, às guerras, o erro, os desastres, as polemica... Agora tudo que ele falou eu não me impressionei com nada, pois de alguma forma, já sabia de muita coisa daquele mundo passado do velho e logicamente o futuro do meu mundo. Ele não falou apenas do futuro do mundo. Disse também do próprio passado, ou seja, do meu futuro.

“Você felizmente se apaixonou. Fez tudo que foi preciso fazer para ela gostar de você. Não dormiu noites, comprou flores, chocolate, contou piadas e riu delas (você não achava a menor graça), passou medo, irritou-se e no fim conseguiu. Amou e foi amado muito mais - algo que muitos pensavam que não iria acontecer - porém num acidente ela morreu e deixou uma filhinha. Você a educou na medida certa e a deseducou na medida exata. Até que ela um dia conheceu uma jovem a qual seria sua esposa tempos depois. Você não mudou muito, continua sendo o mesmo brincalhão, o mesmo irritado, a mesma pessoa...”

Ele falou tudo minuciosamente como eu gostaria que fosse minha vida. Gostaria de poder ter ficado ali mais tempo. Não pude. Marcamos de nos encontrar no mesmo lugar o dia seguinte. No caminho para casa não prestei muita atenção nos acontecimentos a minha volta estava com tanto sono e pensava na conversa com aquele senhor em tudo que ele falara sobre o mundo, minha vida, meus projetos, meus erros, acertos, conquistas, derrotas, mortes de familiares, de amigos, nascimentos de filhos, sobrinhos, brigas, reconciliações, traições, decepções, casos amorosos, oportunidades, escolhas, livros lidos, filmes vistos, livros e filmes esquecidos... Tudo isso e mais um pouco. Meu sono já havia diminuído um pouco então fui comer algo. Nada no armário só uma pizza na geladeira. Esquentei, peguei uma coca e comecei a comer e beber e voltei a pensar na conversa com aquele senhor...

“Rotina... Você sempre reclamará dela e sempre vivera nela. Não importa o que queira fazer, o caminho que siga, ela sempre estará com você. Você sempre tentara sair dela e essas tentativas se tornarão a sua rotina. E por isso será admirado.”

“Realmente a minha rotina está uma merda e estou sempre tentando sair dela sei que um dia sairei e um dia me cansarei da outra rotina e então procurarei outra e mais outra... Ainda bem, que eu gosto mesmo é de sair dela e ir atrás de outras assim terei varias historias a contar e quem sabe depois de tanto contá-las misturarei a ela e elas a mim. E desse jeito me tornarei imortal.”

“A busca pela imortalidade é algo sempre perseguido por nos homens. Parece que temos medo da morte. Temos medo de algo que não sabemos o que é apenas sabemos que existe. Dizem que tem algo depois da morte. Pode até existir. A morte pode ser um nascimento para uma vida nova ou simplesmente o fim. Na verdade a morte é um fim. Não importa se existe algo depois a morte. Para o seu eu é o fim.”

“Ta meu caro. Só mais uma pergunta. Você não se lembra que quando era mais novo se encontrou com um cara mais velho dizendo ser você no futuro?”

“Não. Eu só lembro que gostaria de ser o que eu sou hoje.”
...

“Às vezes o sonho para nos é algo meio utópico. Porém não deixe de ter utopias. Elas um dia se tornaram sonhos. E esses passaram a ser objetivos. E os objetivos será a sua vida. E você chegará à conclusão que o bom mesmo da vida é sonhar, ter utopias, realizar objetivos. Não a concretização propriamente dita do objetivo, do sonho, da utopia. E sim o caminho para a sua realização.”

Enfim dormir.

E nunca mais me encontrei com aquele senhor. Voltei ao banco algumas vezes na esperança de encontrá-lo. Nem sinal do velhinho na casa dos 70 com o nome de José dos Santos. Às vezes via alguém muito parecido com ele no corpo de um político, advogado, pipoqueiro, jornalista, vendedor, executivo, dentista, cozinheiro, musico... Mas sempre estava com muito sono e fazia de tudo para ir embora dormir. E dormia.

Ainda criança, escolheu como sua madrasta. Tivemos mais dois filhos um menino e uma menina todos de cabeça feita. Não sou escritor, mas escrevo. Não sou diretor, porém faço alguns filmes. Não fui médico, entretanto fiz Agora estou aqui... Na casa dos 70, casado com uma mulher a qual minha filha, algumas cirurgias. Já fui infeliz, no entanto se analisarmos meus momentos alegres posso dizer que sou feliz. Hoje sou aquele que sempre sonhei ser um dia.

FIM


R. Mota