Sunday, September 30, 2007

O Sonho de um Sonhador - Parte 1.

“Opa, boa tarde meu jovem rapaz. Posso sentar-me aqui com você para descansar um pouco da minha caminhada?”


E foi assim que começou o meu dia, apesar de já ser lá pra cinco horas da tarde, morria de sono justamente por não ter feito nada de interessante que possa dizer que meu dia tivesse começado, queria dormir para tentar tudo mais uma vez. Todo devagar, mas bem firme veio aquele velho senhor, devia ter uns 70 anos. Sentou-se. Assobiava, ou melhor, tentava, olhava as meninas fazendo cooper e tirava uma piadinha, muitas vezes elas não entendiam, mas eu me acabava de dar risada. Olhava as criancinhas correndo, pulando, gritando, chorando, cantando... e olhava aquilo tudo como se fosse a coisa mais bonita do mundo.


Não me lembro muito bem como nem quando foi que começamos a conversar seriamente. Mas uma coisa é certa. Foi pouco o tempo que passamos conversando independente da duração. Não precisei perguntar quem ele era logo foi se apresentando


“Prazer. Estou na casa dos 70, já fui viúvo agora sou casado com a mulher que minha filha mais velha escolheu para ser sua madrasta quando tinha seis anos, sete meses e cinco dias de vida. Não quer dizer que não ame minha mulher, pelo contrario, a amo e muito. Porem também não quer dizer que não deva fazer piadinha com as outras mulheres. Faço isso para o bem nosso. Tanto para o nosso casamento quanto para as outras mulheres. Afinal toda mulher gosta de ser cantada até aquelas ‘mais recatadas’. Não tive apenas uma filha, tive um menino e outra menina, todos de cabeças feitas. Graças a famílias, ao pai, a mãe, aos amigos e porque não ao dinheiro? Bem não vou explicar, porque o tempo não fez agente mudar de opinião em relação ao dinheiro.”


Não entendi muito que ele quis dizer com “o tempo não fez agente mudar de opinião em relação ao dinheiro”. Agente? Por que agente? Mas tudo bem ele prosseguiu...


“Atualmente moro em Aracaju, já morei em outras duas cidades, mas Aracaju mudou um pouco então eu resolvi voltar. Tenho vários amigos desde a infância. Não sou escritor, mas escrevo. Não sou diretor porem faço alguns filmes. Não fui medico, entretanto fiz algumas cirurgias, já fui infeliz, no entanto meus momentos felizes foram maiores. Hoje sou aquele que sempre quis ser e aquele que todos me achavam ser. Não sou aquele que eu pensava ser. Hoje eu sou... Eu. Muito prazer meu nome é José dos Santos.”


“José dos Santos... engraçado eu tenho o mesmo nome que o senhor também me chamo José dos Santos.”


“Não. Eu é que tenho o mesmo nome que você. Eu falei mais ou menos quem sou, mas não falei em que tempo estou. O meu presente é o que você chama de futuro e o que eu chamo de passado é o seu presente.”


“Ta bom meu senhor, estava começando a lhe dar um crédito, mas percebi que não passa de um bêbado. Agora você vem me dizer que veio do futuro.”


“Nós continuamos a beber a mesma quantidade, proporcionalmente...”


“Nós, agente. Eu nem lhe conheço para você ficar falando em nós...”


“Eu não vim do futuro. Eu sou o seu futuro.”


R. Mota

Sunday, September 16, 2007

Prefácio de um Romance



Aceito, vamos.

No caminho para o elevador e na subida para o nono andar, com uma pausa no terceiro sem entrada nem saída de ninguém, nada de interessante eles conversaram, foi apenas aquele papo de quem não se conhece muito bem. Traçaram duas, três ou quatro informações sobre o tempo, sobre o próprio prédio e até a cidade. Talvez o mais interessante fosse o que ela estava pensando. Pensava ainda nas morte das formigas. Não conseguia entender o motivo dele ter as matado. Ela não tinha entendido a resposta dele, talvez nem ele mesmo soubesse o porque do assassinato. Ela queria prolongar o assunto, mas preferiu deixar de lado. Melhor. Com certeza ela não iria gostar da outra explicação que ele daria:
“E daí. Era apenas formigas. E quem serem formigas?ainda mais pequenas?se fossem outro animal mais robusto talvez não me atreveria a matá-los. Eram puramente formigas.”

Ao entrar no apartamento ficou admirada com a decoração, a iluminação, tudo encaixadinho direitinho na medida exata. Ela fez um comentário ele o comentou “é como a rua de Moscou, largura, comprimento, altura dos prédios, tudo proporcional”. Ela riu como se tivesse entendido, mas os olhos não enganam, ele a olhou e riu, tinha certeza q ela não tinha entendido nada.

Enquanto ele preparava algo na cozinha ela procurava umas músicas comum a ela. Para sua sorte ou seu azar – no futuro poderemos dizer que foi sorte – ela não encontrou nada comum aos seus ouvidos, apenas algo que já ouvira falar então resolveu escutar. Ao som de algo totalmente novo ela mergulhara num oceano de filmes que nunca vira, filmes premiados em festivais nunca antes vistos. Então ela se deu conta que estava num formigueiro nunca antes entrado, nem mesmo espiado. Ficou encantada, assustada, admirada, curiosa, não sei bem. Mas tenho certeza que ficou balançada.

Ele chegou com uns tira-gostos, uma bebidinha, encostou seu braço apontando para um filme ele no embalo da música encostou-se mais como se o tivesse chamado pra dançar. Ele olhou meio desconfiado, ela meio dissimulada, sentaram no sofá, ele tomou um gole ela outro olharam-se novamente e ele como se pegasse uma criança, agora com mais força, colocou sua mão na nuca dela e puxou seu rosto em sua direção.

Começou beijando sua boca depois veio o pescoço, mordidas leves nas orelhas enquanto sua mão que estava na nuca já estacionava nas costas e a outra por sua vez nas pernas em direção a calcinha quando ela hesitou, mais por força do hábito, e ele “porque não” então ela, mais uma por força do hábito, não o incomodou. Graças a facilidade do vestuário atual ele conseguiu tirar primeiro aquela peça que seria a última. Na seqüência veio a camisa, o sutiã. Ele então resolveu descer seu rosto passou pelos seios beijando-os acariciando aqueles volumes de carnes tão macios e duros com o detalhe rosinha e durinhos com uma ponta de uma pedra. Mas ele não parou de descer, sempre beijando. Desceu até a barriguinha, gordinha magrinha, ideal. Enquanto os olhos dela se reviravam e seus lábios cada vez mais marcado com seus dentes, suas mãos nas costas dele deixava sua marca com as unhas. Então ele chegou ao paraíso. Ela parece não saber o que fazer fica atordoada, mas como toda fêmea, toma a decisão. Puxa aquilo que todo macho tem. E brinca como se fosse uma criança com o brinquedo que mais gosta.

Dois seres humanos, nem que seja por um breve e prazeroso momento, passa a ser um só humano. Um dentro do outro. Outro em cima do outro. Um sendo outro o outro sendo o um. Ambos chegam ao clímax. A graças a colaboração de ambos chegam ao clímax no mesmo instante.

O menino satisfeito a menina quer mais. Espera-se um tempo. Porque não serem um só mais uma vez?

A conversa posterior ao mais perfeito e mais intrigante espaço de tempo dedicado ao “amor” que a bela garota já tinha passado não passa também de coisas breves e sem interesse nenhum. Eram apenas conversas. Mas temos certeza que no futuro essas conversas vão ser bem mais interessantes, perfeitas e mais intrigantes do que muitos espaços de tempos dedicados ao “amor”.
R. Mota

Saturday, September 08, 2007

Apresento-lhes...as formigas


Agora em relação às formigas...
Você é estranho. Pensa de uma forma diferente das outras pessoas. Mas não temos que ser assim mesmo? Diferente... Ta certo que hoje essa busca pela diferença faz com que todos sejam relativamente iguais, mas no fundo no fundo somos diferentes uns dos outros.

Eu sei, mas é esquisito... O que você quer dizer com as formigas? Você é biólogo? Não, não longe disso é porque apenas acho interessante... Olhe essa fileira, por exemplo, uma atrás da outra, um grupinho leva um pedaço de folha para o formigueiro, umas vindo outras voltando esbarram umas nas outras e “falam” apenas o necessário e voltam ao trabalho. No formigueiro têm uma rainha, os soldados... Tudo tão ordeiro, até chegar algo e abalar com essa ordem. Mas elas são persistentes e correm para outro lugar volta tudo ao normal, passam por cima de tudo e de todos, olha que o que elas enfrentam é muito mais perigoso. Já pensou o que seria uma gota d’água para uma formiga? E uma chuva para um formigueiro? Um simples quintal pode ser um país. A sociedade das saúvas é tão invejada que chega a ser, em partes, copiada. A grande maioria desses escritores que imaginam como poderia ser o futuro fala que ele será um regime que não reclamos, aceitamos tudo como é dado e somos meio que domados por alguma droga, Admirável Mundo Novo por exemplo, já leu? Não. Pois leia.

Trabalhamos para uma “rainha”, somos vigiados por alguns soldados falamos apenas o necessário com os outros, tudo na ordem. Até chegar algo e abalar nosso “formigueiro”. Mas também somos persistentes, vamos para outro lugar e construímos tudo novamente. Destruímos isso e aquilo esses e aqueles com isto e mais isto, para tudo voltar ao normal. Tudo na ordem. Apoio em partes essa nossa maneira de pensar, de encarar a vida, porém, não concordo em falar apenas o necessário. Porque perder a oportunidade de construir um outro formigueiro a partir de um simples esbarram?


Nós por exemplo, nos encontramos varias vezes aqui na piscina, no elevador, no barzinho e você nem se quer me olhava. A não ser as duas vezes que eu subi, em dois dias alternados e com garotas diferentes. Ah teve também aquele dia, depois desses dois, que você até me desejou bom dia. Não entendi nada, mas tudo bem.


Bom voltando. Tivemos varias oportunidades para nos conhecer e só agora estamos nos conhecendo. Por quê?


Não venha dizer que é coincidência, pode até ser, mas não creio. Analise os fatos. Tenho certeza que algo abalou esse seu formigueiro e você está vendo a oportunidade de construir um outro formigueiro e voltar ao normal. Não vai ser igual ao que era antes, mas vai se adaptar. Então eu pergunto:
Porque você não construiu esse outro mundo quando teve oportunidade? Esperou o seu mundo abalar para ir atrás de outro? Enquanto esse outro poderia estar do seu lado, era só fazer um “túnel” que esses dois formigueiros estariam juntos. Não estou dizendo que você deixaria de ter o abalo, mas com certeza você sofreria bem menos, não ficaria tão perdida como está hoje.


Temos que agir em partes como formigas, mas nunca pensarmos como elas por um simples fato. Elas não pensam. Nos teoricamente pensamos. Então porque deixar de conhecer um formigueiro novo? Porque deixar de conhecer pessoas novas quando se tem oportunidade? Sabemos que a vida é dura e se pararmos para pensar direitinho ela é curta. Não perca oportunidade. Aproveite a vida, faça do inferno um atalho para o céu.


...


É realmente nos deixamos muita coisa de lado para vivermos esse nosso formigueiro que até algumas vezes nem nos mesmos o construímos, simplesmente o aderimos e gostamos ou fingimos gostar... hei ei ei...porque você fez isso? Isso o quê? Matou umas formigas. Ah... Eu estou tirando o sofrimento delas, não está vendo a chuva que vem vindo? Sim mas... É eu sei é triste, mas às vezes é necessário chegar logo o que tem que vim do que ficar esperando, se remoendo, se lamentando se matando aos poucos... Chega logo à merda! Da mesma maneira que, às vezes, é necessário sacrificar a geração presente para melhorar a futura.
...

Bom a chuva apertou, aceita subir ao meu apartamento para terminarmos nosso papo?
...
Aceito, vamos.


R.Mota

Saturday, September 01, 2007


Formigas? Por que formigas? Quem é você?
Eu poderia ser aquele que você quer que eu seja, ou aquele que eu quero ser. Isso tudo depende.
Depende do meu objetivo. Caso seja lhe conquistar, eu sou um rapaz sincero, educado, atencioso, paciente, que falaria o necessário e na hora certa, seria também aquele aventureiro na media exata. Não seria tão belo, mas você falaria para suas amigas que as minhas outras características é o suficiente para me achar belo. Agora caso eu queira apenas uma noite, eu seria um mentiroso, um gastador, não ligaria para você – nos dois sentidos – mas talvez precisasse ser belo, então você falaria para suas amigas que as outras características são o suficiente para eu ser deixado de lado. Porém, eu não tô nem aí, eu te quero apenas por uma noite lembras?

Quem eu sou? Depende também daquele que te informa. Caso seja um amigo... Eu sou sincero, divertido, chato às vezes, presente sempre, um péssimo jogador de futebol, mas uma ótima pessoa para tomar uma cervejinha depois da pelada. Se for uma ex-namorada eu poderia ser um canalha, uma sem vergonha ou quem sabe até o cara.

Quem eu sou? Não acho justo responder a esta pergunta, pois eu poderia cair num clichê. Como Pessoa, que existe varias pessoas dentro do Pessoa, existem vários eus dentro do Eu. Mas analisando a minha história eu poderia de te dizer que sou aquele de faz as pessoas se saírem bem na foto. Como também poderia ser um cara impossível de esquecer, mas muito difícil de lembrar.

Ora....quem eu sou?
Nunca vi meu olhar, então como poderia te responder?

Agora em relação às formigas...
(...?)
R.Mota